A Origem dos Sebos
Os sebos surgiram no século XVI, na Europa, quando os mercadores
começaram a vender a pesquisadores papiros e documentos importantes da
época.
Segundo o historiador Leonardo Dantas Silva, esses
mascates eram chamados de alfarrabistas( alfarrábio significa livro
velho e raro), nome que os acompanha até hoje em países como a França e
Bélgica, onde essa atividade é considerada essencial para historiadores e
pesquisadores em geral.
O nome sebo vem do tempo em que não
havia energia elétrica e as pessoas liam à luz de velas amarelentas,
sujando e engordurando os livros. O contato com as velas deixava o livro
todo engordurado, ensebado, sebento, termo que evoluiu a sebo.
Os
primeiros sebos no Brasil foram montados por intelectuais no Rio de
Janeiro, no final do século XIX, e logo se espalharam pelo território
nacional.
Uma outra versão foi defendida por Silveira Bueno (Grande Dicionário Etimológico Prosódico da Língua Portuguesa),
que classifica: “Do particípio presente ‘sapiente’ se fizeram várias
derivadas: ‘sabença’ (‘sapientia’), ‘sabente’ e desta forma
‘sabentar-se’ em espanhol, ‘asabentar’ em provençal, catalão,
correspondendo ao italiano ‘insaventire’, tornar-se sábio, eruditar-se,
instruir-se, donde o português arcaico ‘assabentar’, ‘sabentar’. Desta
forma verbal saiu ‘sabenta’, a apostila, o conjunto de lições,
explicações de aula. Houve assimilação de ‘a’ e ‘e’ (‘sebenta’) já sob a
influência do adjetivo ‘sebento’, ‘sebenta’. Assim, ‘sebenta’ nada tem a
ver com ‘sebenta’ de sebo, mas queria dizer: a obra, a coleção de notas
de classe que tornava o estudante mais preparado, mais sábio.”
Já Eurico Brandão Jr. discorda quanto a
relação entre “sebo” e o hábito da leitura à luz de velas. Segundo ele,
isso se deve ao fato do livro ser manuseado constantemente, o que deixa
os volumes engordurados, “ensebados”. Por essa razão, os proprietários
de obras raras costumavam encaderná-los com revestimento de couro. O
termo sebo tornou-se comum à partir da década de 60 e, ainda
segundo Eurico, o primeiro livreiro no Brasil a usá-lo foi o seu pai, em
Recife: Sebo Brandão. Por essa razão, os clientes estrangeiros que o procuravam, o chamavam de Mr. Sebo, pensando tratar-se de nome próprio…
Sobre o termo caga-sebos,
Eurico esclarece que vem do nome de um pássaro comum em Pernambuco e
cita em reforço, tanto o dicionário de Rodolfo Garcia, como o do
Aurélio, que mencionam a palavra como sinônimo de “vendedor de livros
usados”. Mas caga-sebos ou caga-sebista não têm sentido pejorativo.
Eurico também revelou que seu pai está
escrevendo um livro autobiográfico onde aprofunda as pesquisas sobre a
origem do termo, comprovando definitivamente suas teses sobre este tema.
O PAPEL DOS SEBOS NA SOCIEDADE
As livrarias de sebos – ou alfarrabistas –, como se dizia
tradicionalmente, cumprem vários papéis importantes para a indústria
livreira. Ali podem ser encontrados não apenas livros usados que ainda
estão no mercado – às vezes em edições mais antigas, inclusive com
ortografia ultrapassada – como também exemplares de edições esgotadas e
fora do mercado. Ao manterem à venda esses títulos, os sebos cumprem, em
parte, um papel tradicionalmente reservado às bibliotecas públicas. A
memória editorial do país, que não se sustenta no deficientíssimo
sistema de bibliotecas que temos, faz dos sebos o depositário de títulos
que, por uma ou outra razão, deixaram de ser publicados, mas que nem
por isso são menos importante para a formação universitária, para
pesquisas, etc.
Do ponto de vista social, esse é o papel mais importante dos sebos.
Neles se produz uma espécie de reciclagem dos exemplares. O que não é
mais interessante para alguém, pode ser o exemplar longamente procurado
por outro leitor, que não o encontra nas bibliotecas.
O mercado de livros raros é outro tradicionalmente ocupado pelos sebos.
Colecionadores, bibliófilos, admiradores de edições antigas, todos
encontra am nos sebos especializados uma fonte para satisfazer suas
necessidades. Os sebos desscategoria dispõem inclusive de ligações
internacionais, com sebos de vários países, e chegam a organizar leilões
de obras especialmente raras e procuradas. As primeiras edições de
livros de autores que se tornaram famosos, e que foram inicialmente
publicados de forma precária, são alguns dos itens mais procurados em
sebos.
Um dos sebos mais conhecidos é o seboPapirus .
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